Transformação digital nos negócios é tema de nova edição do ‘E agora, Brasil?’

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A crise sanitária e financeira que afetou o mundo, advinda da covid-19, desencadeou um aumento do consumo on-line e forçou o rápido aprendizado de lições essenciais para a transformação digital dos negócios. Para debater essa mudança no mercado, os jornais O Globo e Valor Econômico, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), realizaram, na terça-feira (10), a 4ª edição on-line do ‘E agora, Brasil?’.

No encontro, especialistas debateram as principais tendências aplicadas neste cenário. Em depoimento ao Globo e ao Valor, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, falou sobre o CNC Transforma, programa de inovação tecnológica voltado às empresas do comércio de bens, serviços e turismo. “Estamos avançando na consolidação desse programa em todo o Sistema Comércio, com mais de 650 lideranças inscritas. A meta é estabelecer uma cultura de inovação de forma a estender às empresas do setor ferramentas e conceitos que contribuam para uma gestão mais ágil, eficiente e competitiva, ajudando-as a enfrentar os desafios do mercado. Até o momento já temos 23 soluções desenvolvidas por startups apresentadas à CNC para serem avaliadas”, informou Tadros.

O debate teve como mediadores os jornalistas Daniela Braun, repórter de Tecnologia do Valor Econômico, e Pedro Dória, colunista de O Globo, que abriu o encontro chamando a atenção para as mudanças de comportamento. “Houve um salto de cinco anos na maneira como nós interagimos com essas telinhas, com as diversas plataformas, numa situação que estaríamos somente em 2025 e 2026. Várias decisões que empresas teriam que tomar, e teriam tempo, foram muito aceleradas”, afirmou, observando que este processo poderá ser ainda mais acelerado com a entrada em operação do 5G.

Cinco anos em cinco meses

Segundo a diretora de Marketing da L’Oréal Brasil, Patricia Borges, negócios digitais já estavam nas prioridades da empresa, mas o cenário adiantou os planos. “Poderia dizer que foram cinco anos em cinco meses. A inteligência artificial e a automação nos ajudaram muito, pois pudemos fazer com que uma cliente experimentasse uma sombra ou uma base com exatidão no rosto, sem necessariamente tocar no produto, já que as medidas de restrição não permitem mais. Isso tranquiliza a mulher e facilita a compra”, avaliou.

De acordo com o diretor de Tecnologia e Marketplace da B2W Digital, Jean Lessa, a empresa, que já investia em tecnologia e logística, teve que acelerar seu planejamento. “Foi um desafio até para a gente que já ‘nasceu’ digital. Focamos em atender às necessidades dos lojistas parceiros, ajudando-os a entender o modelo de negócios na internet e oferecendo capacitações gratuitas para atender esse universo”, explicou. A B2W reúne as marcas de e-commerce Americanas.com, Submarino e Shoptime.

A diretora de Marketing das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, Maricy Porto, enfatizou que a empresa teve que ser rápida em função do momento. “A pandemia chegou às vésperas da Páscoa, uma das principais datas do segmento. E a nossa prioridade foi incrementar as vendas pela internet, criando canais de comunicação mais ágeis e capacitação para os franqueadores. Eles é que estavam com os produtos, não nós, nas fábricas”, revelou.

Mudança cultural

O líder do programa MIT REAP no Brasil e pesquisador do Laboratório de Inovação Tecnológica, Organizacional e em Serviços (LabrInTOS) da Coppe/UFRJ, Hudson Mendonça, disse acreditar que esse processo de transformação vai além da tecnologia. “Existe uma mudança cultural por trás desse processo que talvez seja tão ou até mais importante que a própria ferramenta.” Ele ressaltou o potencial da cooperação entre modelos ágeis das startups e a cultura das grandes empresas. “A transformação vem justamente pelo lado humano”, concluiu.

A opinião partilhada pelo diretor de Design do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), Eduardo Peixoto, foi que “não adianta uma empresa oferecer serviços on-line se os seus clientes não estão no ambiente digital. Pior, se os funcionários não estão preparados para lidar com esse novo modelo. Quem não era digital virou digital, tentou virar digital ou ficou fora do negócio”.
 

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