Receita dos serviços cresce, mas não livra setor de queda histórica em 2020

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A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para baixo a projeção do desempenho do segmento de serviços em 2020. A previsão foi refeita após a divulgação, hoje (11/12), dos dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de outubro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Diante da lenta reação por parte do setor aos estímulos para a retomada do nível de atividade econômica, a CNC revisou de -6,4% para -7,6% sua previsão para a variação do volume de receitas dos serviços ao fim de 2020.

“Os dados de outubro mostram que teremos um longo e árduo caminho à frente para a plena recuperação dos serviços, especialmente do segmento de Turismo, que tem sido tão castigado pela pandemia. Estamos trabalhando, na Confederação, para que esse caminho seja o mais curto e o menos acidentado possível. Acreditamos que, com o início da vacinação previsto para 2021, o próximo ano será melhor”, afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

“Uma vez confirmada esta previsão, os serviços amargarão a maior queda anual no volume de receitas da série histórica da PMS. O pior ano até então havia sido 2016 (-5,0%). Para o Turismo, a tendência é que o faturamento real do setor encolha 39,1% neste ano, com perspectiva de volta ao nível pré-pandemia no segundo trimestre de 2023”, explica o economista da CNC Fabio Bentes.

De acordo com o IBGE, o volume de receitas do setor de serviços cresceu 1,7% na comparação entre os meses de outubro e setembro, já descontados os efeitos sazonais. Em cinco meses, o setor acumulou avanço de 17,5% – entre março e maio deste ano, houve queda de 19,1%. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, os serviços apuraram variação de -7,4% – a oitava retração seguida.

Turismo enfrenta situação mais crítica

A situação mais crítica é a do setor de turismo, que, segundo mostrou o IBGE, segue “na lanterna” do processo de recuperação, comparativamente aos demais setores da economia. Mesmo tendo crescido 3,6% no mês de outubro, em relação à média do primeiro bimestre, o volume de receitas do Turismo ainda revela queda de 44% até outubro. Situação pior, portanto, que as observadas no volume de vendas do comércio varejista (+5%), da produção industrial (+2%) e do setor de serviços como um todo (-8%).

De acordo com levantamento realizado pela CNC, as perdas mensais ocorridas no setor já somam R$ 245,5 bilhões desde março deste ano. Atualmente, o Turismo brasileiro opera com 39% da sua capacidade mensal de geração de receitas.

A estimativa da Confederação cruza informações obtidas das pesquisas conjunturais e estruturais do IBGE, além de séries históricas referentes aos fluxos de passageiros e aeronaves nos dezesseis principais aeroportos do País. Os Estados de São Paulo (R$ 88,3 bilhões) e do Rio de Janeiro (R$ 36,8 bilhões), principais focos da covid-19 no Brasil, concentram mais da metade (51%) do prejuízo apurado pelo setor em nível nacional.

O contraste do Turismo com os demais setores da economia torna-se igualmente evidente através do nível de ocupação formal. Segundo estatísticas recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apurado mensalmente pela Secretaria do Trabalho, de março a outubro deste ano, foram eliminados 469,4 mil postos de trabalho formal no setor – o equivalente a um encolhimento de 12,9% da força de trabalho do setor. Na média de todos os setores da economia, a variação relativa no estoque de pessoas formalmente ocupadas cedeu 0,8%.

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